27.11.07

Muçulmanos em Salvador: educação e cultura

No mundo muçulmano, inclusive na Bahia, a criança aprende os valores morais, éticos, culturais e religiosos desde a infância. São costumes que devem ser adotados e compreendidos a partir do estudo do Alcorão, o livro sagrado. Segundo o Sheikh Ahmad Abdul primeiramente é preciso explicar o que é o islamismo e quais as condutas consideradas corretas: “para as crianças nada é obrigatório. Nem o jejum, nem o uso de véu para as meninas e nem mesmo as cinco orações diárias. O que se faz é recomendar essa prática para que desde cedo ela se acostume com nossa cultura”, explica o Sheikh enfatizando a dificuldade de educar uma criança e um jovem em uma sociedade ocidental onde os costumes divergem dos ensinamentos islamicos.
Mohmoud é um adolescente de 14 anos que acredita no poder da religiosidade para guiar sua vida. Ele nasceu em Recife e mora há pouco tempo em Salvador. Convertido ainda na infância juntamente com a família, o garoto conta que já sofreu preconceito na escola onde estuda, que é uma instituição de ensino cristão: “atualmente meus colegas brincam que sou muçulmano porque posso me casar com quatro mulheres”. Mohmoud pretende se casar com uma mulher muçulmana e faz questão do uso do véu porque ele considera bonito e atraente: “a mulher que esconde o corpo é muito mais atraente do que a que usa pouca roupa, porque demonstra pudor, recato e beleza”, diz.
O adolescente muçulmano não namora. Ao conhecer o(a) possível pretendente ele se aproxima apenas como amigo para saber se o interesse é recíproco. Caso seja é comunicado a família do compromisso. E, para quem pensa que só as mulheres precisam cobrir o corpo está enganado. O homem também é obrigado a cobrir do joelho até o umbigo, mas, preferencialmente, quanto mais coberto melhor, ainda que seja uma criança.
Atualmente o Brasil tem em média 1,5 milhão de muçulmanos vivendo no país, incluindo crianças e adolescentes. Seguir padrões considerados tão rígidos pelos ocidentais é muito difícil e requer uma postura religiosa firme por parte dessas crianças e adolescentes. Uma criança muçulmana em um Estado não-muçulmano pode se sentir deslocada ao conviver com outras que jogam futebol sem camisa, usam mine-saias, vão para praia de biquine e participam de outras vivencias comuns em uma comunidade ocidental. Para um muçulmano essas práticas são fruto da industria cultural que obrigam as pessoas agirem dessa forma. No alcorão, livro sagrado, tem uma passagem onde o profeta Maomé diz: “tudo o que a lei ensinar, analise. Se não coaduna com sua forma de pensar, não acate”. Isso fundamenta o pensamento islâmico e sustenta a vivencia desse povo que reza cinco vezes ao dia em direção a Meca, cidade sagrada para onde Mohmoud pretende ir futuramente assim como quase todos os muçulmanos.

Onde fica?

Endereço: Centro Cultural Islâmico da Bahia Rua Dom Bosco, 190 Nazaré 40055-463 Salvador – BA Tel/Fax: (71) 3241-1337 - islambahia@bol.com.br


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Vídeo: Mohmoud em uma das cinco orações diárias