6.12.05

A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA

A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA

O documentário apresentado na sala de aula, no dia 25 de novembro do corrente ano, foi dirigido pelos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O’Brian que estavam na Venezuela no ano de 2002 gravando um vídeo sobre o governo de Hugo Chávez, quando foram surpreendidos pelo mais rápido golpe já registrado na história da política mundial acontecido na cidade de Caracas, capital do país, entre os dias 12, 13 e 14 de abril daquele ano.

Hugo Chávez foi eleito em 6 de dezembro de 1998 com 57% dos votos, começando assim seu governo que tinha o apoio das classes mais desfavorecidas do país, sendo reeleito em 30 de julho de 2000. A Venezuela é o quarto maior portador de petróleo do mundo, sendo, naquele momento, o principal fornecedor do produto aos Estados Unidos. A política desenvolvida pelo tenente-coronel era uma política de distribuição de renda, uma política social que dava ouvido à população. Para manter um diálogo mais próximo da comunidade, Chávez apresentava semanalmente um programa na Tv e um no rádio, onde falava diretamente com as pessoas, ouvindo-as e intervindo por elas. Essa atitude revoltou as elites empresariais que lideraram um golpe para obrigar o presidente renunciar.

O documentário A revolução não será televisionada (The revolution will not be televised), 2003, leva esse nome por conta da não alienação das massas às notícias publicadas nos jornais dos canais abertos, os quais mostraram, de forma manipuladora, o protesto nas ruas de Caracas no dia 12 de abril, quando opositores e simpatizantes de Hugo Chávez se confrontam. Uma cena é reprisada diversas vezes. A de um homem na Ponte Llaguno, atirando contra os manifestantes. A responsabilidade pelas mortes e ferimentos causados ao povo foram noticiados como responsabilidade do presidente. A oposição, na madrugada do dia 13, anunciaram que ele deveria deixar o Palácio de Miraflores ou iriam explodir o imóvel, além de exigirem a renuncia do cargo. Chavéz deixou o Palácio, mas se negou a assinar sua renuncia.

O presidente da Fedecámaras, Pedro Carmona, é apontado como o novo presidente pela elite econômica e grupo político contra o ‘Chavismo’, quando o vice-presidente de Chávez, Diosdado Cabello, assume o lugar do companheiro anunciando que permanecera no cargo até que Hugo reapareça para tomar seu lugar.

Na manhã do dia 14, a população saiu às ruas de Caracas exigindo a volta de Chavéz, gritando: “ele não renunciou! Ele está seqüestrado” e também “Carmona é ladrão. Não o queremos”. Os manifestantes gritavam que jamais deixariam a Venezuela se transformar em Cuba e que Chávez que fosse governar com Fidel. Mas os Chavistas, que era a maioria, conseguiram cercar o Palácio exigindo a volta do amado presidente.

A oposição deixou o Palácio de Miraflores, que estava cercado por Chavistas e policiais que também apoiavam o governo pouco antes da chegada de Hugo Chávez chegando do exílio em um helicóptero e sendo aclamado pelo povo.

O filme apresenta o golpe político de forma crítica, ouvindo os dois lados da população, a veiculação da notícia pela mídia televisiva e mostrando as tensões nas ruas de Caracas, bem como dentro do Palácio de Miraflores no momento em que Hugo Chávez é obrigado a deixar o local, a posse de Carmona, o vice Diosdado Cabello tomando o lugar de presidente e a volta de Chávez, aclamado pelos quatro cantos do país como um político honesto e guerreiro dos pobres.