O racismo e suas vertentes
Clara Sales e Paloma Nogueira
“Se me chamar de negro eu processo, tem que me chamar de moreno”; “Só pode ser presepada de nego mesmo”; “Oh sua neguinha...”; ”Cole mesmo negão...” Quantas vezes não ouvimos isso no dia-a-dia? Será que essas frases são racistas? Mas o que é o racismo? E de que forma se manifesta?
Natalice Ferreira, moradora de São Marcos, nunca sofreu discriminação racial no bairro onde reside: “Se já sofri não me lembro. Às vezes alguém me olha de cima para baixo”. Enquanto Léa Conceição, de 20 anos, do mesmo bairro, disse que suas vizinhas, ficam chamando sua família de preta e falam: “Não gosto de falar com esse povo porque é negro”. O estudante e jogador de futebol Antonio Carlos dos Santos conta que, quando viajou para Sergipe, para defender o time Real Salvador, como goleiro, foi discriminado quando o outro time disse que não conseguia fazer gol porque ele era negro. O racismo se faz presente em diversas situações.
O racismo se manifesta através da educação, saúde, moradia, situação financeira. Por exemplo: Segundo o Fundo das Nações Unidas para Infância e Adolescência (Unicef), no Brasil, das 800 mil crianças de 7 a 14 anos de idade que estão fora da escola, 500 mil são negras. No mercado de trabalho brasileiro, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 34,5% de pessoas de pele clara possuem carteira assinada, enquanto apenas 25,6% dos negros são registrados, sendo que a população negra representa 46% da população do País.
A população afrodescendente também é maioria nos bairros com grandes problemas estruturais. Isto é resultado das políticas econômicas desenvolvidas no Brasil desde o período da libertação dos escravos, que aconteceu em 13 de maio de 1888. Nos dados publicados no site do Centro de Educação e Profissionalização para a Igualdade Racial e Gênero(Ceafro), o grande desemprego e de subemprego entre os jovens negros, e a falta de projetos de vida causam a morte de 40 mil pessoas todos os anos, 96% não-brancas, com baixa escolaridade e idade entre 15 e 24 anos, conforme relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento(PNUD/ONU), 2004.
Essa história começou com a vinda da população africana para o Brasil. Eles foram separados de suas famílias e perderam tudo. Só conseguiram a liberdade depois de quase 300 anos servindo como máquinas de trabalho e vivendo em condições precárias.
BOX EXPLICATIVO: Curiosidades!
Você sabe qual a diferença entre preconceito, discriminação e racismo?
PRECONCEITO - “suspeita, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões”. (Dicionário Aurélio)
DISCRIMINAÇÃO - é definida como “ato de distinguir, estabelecer diferença, separar”. (Dicionário Aurélio)
RACISMO – crença da existência de raças superiores e inferiores foi utilizada muitas vezes para justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os genocídios que ocorreram durante toda a história da humanidade. (Wikipedia)