8.3.09

O jornalismo e a dimensão social


A atual dimensão jornalística está intimamente ligada a uma abordagem social vinculada à idéia de espaço e tempo, que delimita uma compreensão de necessidades, interesses e expectativas de forma coletiva referente aos conteúdos a serem abordados. O jornalismo é um instrumento de uso social com um histórico que vem propor a explanação de fatos de interesse público com características da atualidade e de relevância ao publico que é diferenciado e amplo. É por meio da notícia – forma operativa jornalística – que o jornal opera, envolvendo aspectos de linguagem e conteúdos de uso coletivo, além de aspectos classificatórios, ou seja, hierárquico.
A atualidade no jornalismo e a construção da verdade, deve-se primeiro compreender atualidade (jornalística) como fotos temporais do cotidiano de interesse público, ou seja, de relevância pública. O conteúdo jornalístico funciona como um elo social de afirmação que a sociedade é homogênea, onde todos os fatos podem ser padronizados por meio de relatos jornalísticos, exercendo assim um papel de construtor da realidade, dando um sentido de proximidade entre os fatos e a população, manifestando um sentido de coletividade e orientação por meio de recursos para que o indivíduo mantenha-se informado a respeito de questões públicas e de interesse para ele. A atualidade jornalística não se prende apenas nas questões temporais do que já aconteceu. Um conteúdo também é atual, pois ele apresenta sentidos de relevância pública, compondo outros dados que são partilhados pelo público na vida social.
Autores como Traquina, defendem que a notícia é um culto de fatos que são oferecidos para os leitores uma diversidade de informações que são relatadas de forma sensacionalista. A atualidade é o primeiro e mais importante critério de notícia, pois, busca contextualizar fatos sociais por meio de narrativas que obedecem uma estrutura de acontecimentos. A idéia de aproximar a atualidade da realidade, partindo do pressuposto de que o jornalismo é a construção da realidade, demanda uma reformulação teórica de grandes proporções, pois a questão além de polemica é filosófica. A objetividade no jornalismo parte das técnicas de apuração e edição de informações obtidas pelo repórter que interpreta o acontecimento e o julga relevante para ser publicado traduzindo de acordo com seus valores e observações. Já Nilson Lage acredita que, embora muitos teóricos afirmem que essas novas perspectivas de grandes circulações de informações irão criar uma anulação quanto ao exercício profissional do jornalismo, uma vez que todos poderão publicar livremente em ciberespaços e até mesmo nas mídias tradicionais com a chamada “colaboração”, o que surge, segundo Lage, é uma maior democratização das informações não anulando a profissão do jornalista uma vez que existem critérios de informações além da idéia de seriedade passada pelos órgãos de imprensa.
A atualidade é o princípio organizador de uma notícia baseado nos valores noticiosos que fazem parte da rotina editorial resultando em um recorte fragmentado da realidade social. A visibilidade pública do leitor diante os fatos torna a reportagem significativa naquela comunidade. A seleção de fontes, relações entre o entrevistador e entrevistado, valores de ética, entre tantos outros, o diferencial será a pesquisa do fato antes de entrar em contato com a fonte. Essa pesquisa não deve ser realizada apenas com o material enviado pela assessoria da fonte ou informações de caráter pessoal. O repórter deve saber interpretar tabelas, investigar, entrevistar o máximo de pessoas possíveis, revisar dados para então entrevistar. Esse poder discutido deve levar em consideração a responsabilidade social que a notícia deve ter, não reduzindo a notícia em uma simples história ligada a negócios.