4.6.10

Enem para professores

A partir do próximo ano, o Ministério da Educação (MEC) aplicará anualmente o Exame Nacional de Ingresso na Carreira de Docente, com o objetivo de avaliar os conhecimentos de professores interessados em trabalhar com o Ensino Fundamental na rede pública.

Segundo reportagem de Nathalia Goulart, publicada no site da revista VEJA, os docentes de importantes centros de formação de educadores acreditam que essa prova trará poucos frutos para o sistema educacional brasileiro. "É sempre bom dispor de mecanismos acurados de avaliação. Mas o problema da educação brasileira não é falta de avaliação", afirma Gustavo Ioschpe, economista e especialista na área. "Até acho que a educação brasileira é uma das mais bem avaliadas do mundo e dispõe de muitos instrumentos para isso", opina. Somente o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) aplica sete tipos de avaliação a alunos e docentes da educação básica e superior. "O problema é que os resultados dessas avaliações não se traduzem na mudança de políticas públicas", diz Ioschpe.

De acordo com a reportagem publicada, Remi Castioni, da Universidade de Brasília (UnB), também aposta que a prova terá pouco impacto na educação. "Exames não bastam. É preciso inverter a lógica e investir na formação de professores." Maria Márcia Malavasi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), concorda. "O que resolveria nosso problema é acompanhar as faculdades, exigir mais qualidade delas e dar condições para o estudante buscar uma boa formação como professor", acredita.

Dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) apontam que as universidades podem produzir resultados decepcionantes. Em 2008, na avaliação da carreira de pedagogia, 234 instituições (quase 20% do número total) apresentaram desempenho insuficiente, obtendo nota 1 ou 2. Somente 32 cursos (ou 2,7%) alcançaram nota máxima, igual a 5.