11.7.10

Dilma e Serra discordam sobre programas de educação

Matéria copiada na íntegra do site O Globo
De Leila Suwwan, enviada especial do jornal

BAURU (SP) - A candidata do PT, Dilma Rousseff, criticou nesta quinta-feira, em Bauru, no interior de São Paulo, o programa do governo de São Paulo, criado por seu adversário José Serra (PSDB), e que coloca dois professores em sala de aula. Segundo ela, a qualidade da educação aumenta com a valorização individual de cada professor e não com uma fórmula que "coloca dois e divide o salário".
- Não acho que seja a soma que vai melhorar a qualidade da educação - disse Dilma sobre o projeto de colocar dois professores em sala de aula.

- O que vai melhorar é a multiplicação - completou.

O programa Ler e Escrever do governo estadual estabeleceu a figura do professor auxiliar nas salas de aula nas classes iniciais.

Dilma defendeu, por sua vez, a valorização dos professores com formação continuada e reconhecimento salarial. Dessa forma, segundo ela, será possível atrair bons profissionais para a carreira.

- Ninguém vai solucionar o problema da educação dividindo. Soma dois e divide o salário, é isso? Acho que pega um e melhora cada um dos professores deste país. Se não, você bota um professor central e um assessor, é isso? Temos de fazer algo muito simples: reconhecer que nenhuma profissão vai ser bem exercida, nem a de vocês jornalistas, se desandar a sucatear a profissão - apontou Dilma.

A candidata também criticou os baixos salários da segurança pública de São Paulo e defendeu a mudança na legislação que implanta um piso salarial nacional para o setor.

- Seria de todo oportuno que tivesse um patamar mínimo. Não se pode deixar que um estado rico como esse (São Paulo) pague o que paga para um delegado - disse Dilma, que foi logo avisada por seu vice Michel Temer (PMDB) e pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT) de que o tema foi tratado em uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional), aprovada em primeiro turno sobre o tema.

Em resposta, Serra diz que o governo precisa melhorar nível da educação brasileira

Durante a tarde, em visita a Bangu, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, o candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, sem citar as declarações da candidata petista, afirmou que o governo precisa deixar de "trololó" e mergulhar fundo na questão se quiser melhorar o nível da educação brasileira.

- Essa é uma tarefa muito difícil e o governo federal tem que mergulhar nisso. Não adianta só o trololó e ficar falando isso e aquilo - disse Serra.

Serra afirmou, ainda, que para melhorar a educação no Brasil é preciso apoiar os professores e investir na qualificação dos jovens.

O candidato destacou os resultados do Ideb (Índice do Desenvolvimento da Educação Básica), que mede a qualidade das escolas e das redes de ensino, em Estados administrados pela oposição e lembrou que São Paulo, Estado que governou até este ano, tirou o primeiro lugar na avaliação do índice.

- A educação tem problemas no Brasil inteiro, mas fiquei muito satisfeito porque, no período em que fui governador de São Paulo, o Estado teve a maior melhora do Brasil. Minas Gerais e Curitiba também tiveram - disse.

Serra prometeu que, se eleito, vai valorizar o ensino com o incentivo às escolas técnicas.

- Vamos criar um milhão de vagas. Vamos fazer o ProUni do ensino técnico, ou seja o ProTec - prometeu.

Serra usou o trem urbano para chegar do centro do Rio a Bangu, em uma viagem de 50 minutos. Durante o trajeto, estava acompanhado do candidato a vice Indio da Costa (DEM-RJ), na primeira aparição pública dos dois no Rio.